REGRESSO

O portão está sendo aberto, devagarzinho;

Sentado no alpendre desperto para os passos de alguém silente.

Chega... Chega pisando de mansinho.

O cão balança a cauda, sinalizando afeição.

Tento perceber pelo olfato a presença que não se pronuncia.

Viro-me em direção da ofegante respiração.

É alguém conhecido. Piloto está qual pião e pula feito cabrito.

Espero... É só o que tenho feito... de todo coração.

Sinto então no meu ombro uma mão vacilante.

Pelo toque... Reconheço! É meu filho!Vem de terra distante!

Meu coração almejava. Mandei a morte cair fora.

Embora cego e cansado, teimei com os anos.

Ignorei o fardo, porque tinha certeza da sua volta.

Eu entendo, bem o sei, pois suas lágrimas me dizem uma história...

Não o desprezo. Por que o faria? Ele é uma parte de mim... Que um dia...

Num triste dia, decidiu ir embora.

Mas a cada momento, por ele esperei.

Meu coração me dizia a todo instante:

Teu filho regressará,descanse.

Qual passarinho retornará

Para os braços teus.

À casa vazia, por certo voltará.

Reencontrando teu amor, ficará...

Porque esse é seu lugar.

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 30/04/2010
Reeditado em 08/05/2010
Código do texto: T2229203
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