A se perder de vista
Eu notei naquela carta,
Um pingo já seco de lágrima.
Que manchava, lia e pensava,
Em algo mais sensato.
Um pouco mais sério do que aquele seu sorriso barato,
Aquela tua graça sem graça,
Da face de que atenua,
E facilmente me descarta.
Não duvidei, pus a chama acesa pra me esquentar,
Pondo a mão vendando o olhar,
Foi possível pra me queimar.
Dedos entrelaçados a dez,
Os mesmos passos à quatro pés.
Pensei que iríamos caminhar, até lá, do lado de lá,
E paramos cá.
Tanta coisa que vejo, seus óculos, suas coisas e seus sapatos,
Ainda com água estava seu vaso,
Com duas orquídeas dentro.
Tão grande foi o meu lamento,
Linda toda sua essa natureza,
Forte e frágil tal qual o coração de quem ama,
Agoniza ao peito deitado na cama.
Vai chover,
Da janela dar pra ver,
Pingos a se perder de vista,
De contas, de várias outras vidas.