A se perder de vista

Eu notei naquela carta,

Um pingo já seco de lágrima.

Que manchava, lia e pensava,

Em algo mais sensato.

Um pouco mais sério do que aquele seu sorriso barato,

Aquela tua graça sem graça,

Da face de que atenua,

E facilmente me descarta.

Não duvidei, pus a chama acesa pra me esquentar,

Pondo a mão vendando o olhar,

Foi possível pra me queimar.

Dedos entrelaçados a dez,

Os mesmos passos à quatro pés.

Pensei que iríamos caminhar, até lá, do lado de lá,

E paramos cá.

Tanta coisa que vejo, seus óculos, suas coisas e seus sapatos,

Ainda com água estava seu vaso,

Com duas orquídeas dentro.

Tão grande foi o meu lamento,

Linda toda sua essa natureza,

Forte e frágil tal qual o coração de quem ama,

Agoniza ao peito deitado na cama.

Vai chover,

Da janela dar pra ver,

Pingos a se perder de vista,

De contas, de várias outras vidas.

Edilson Alencar
Enviado por Edilson Alencar em 11/05/2010
Código do texto: T2250396
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