ETERNIDADES

ETERNIDADES

Na grama joaninhas e formigas

Margaridas, maria sem vergonhas, hortênsias

Aquele tanque velho,colado a parede, ao muro verde

parecia um lago, um mar sem fim

Recebia eu um afago, sorriso largo

Ao cheiro da manhã entre limoeiros e mangueiras

No varal, roupas dançavam ao som miúdo do vento

Uma mão sobre a minha

Dobrando papéis alvos

Barcos, barquinhos

Estórias de alegria transparente, meu pai

Indo e voltando de terras imaginárias

Piratas, soldados. Desbravar!

Glórias, riquezas

De sua mão para minha

Eternidade

Ah!a estória de moça, eu ria...

De cintura fina, vestido rosa, chapéu panamá

Sombrinha levada longe entre cisnes

Para um beijo, selando amor

Namoro

Uma eternidade

De princesa, anseio de meu pai

Desejos para a sua criança

Barco ia, barco voltava

A manhã era cortada com ruídos

saltos pela escada da casa

Chamavam por meu pai

A princesa dele

Uma eternidade que ia...

Ficava eu sozinha

com joaninhas e formigas

entre gérberas e maria sem vergonhas

Esperando glórias de amor nas barquinhas

No tanque que rachou um dia

Como trincados do salto de minha mãe

Sem a mão em sorriso a navegar

Uma eternidade

Uma xícara de chá me acompanha

na memória um lago,um barco partindo

mão sobre mão, quentes

nessa água fria com limão

Riqueza nesse pequeno e limitado mar

na louça reflete

Um vestido rosa flor

Que foi minha vida

Uma eternidade de amor

Cíntia Thomé

2003

Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 30/05/2010
Código do texto: T2288672
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