Jardineiro de emoções.

Empunho uma pistola de prata sob meu peito de ouro,

Carrego-a a toda parte a olhar o mundo...

Ciente da cota de malha que uso, tecida de sentimentos

Bem o sei, que nem as balas de desilusão me tocariam a pele.

Sob o desdem dos homens carrego meu cesto de emoções.

Caminho pelo mundo como jardineiro a convidar a quem passa,

- Vem, senta junto ao banco de meu jardim,

Olha os miosótis... Tão humildes, mais vestindo o azul do céu.

Olha o azul e descansa teu coração.

Caminheiro das estradas humanas, reparo o castelo dos homens,

Reflito sob suas conquistas...

Olho meu cesto e penso.... Sou feliz.

De nada necessito a não ser a luz do carinho,

O toque da ternura, e uma ou outra palavra de alento.

Os homens que fiquem com seus castelos !

Por minha vez, necessito apenas do sol e das estrelas.

Meu jardim é meu único bem.

Penso com a lucidez de quem se abeira ao abismo,

Olha e pensa... será que eu voaria.

Reparo as crianças a brincarem na margem do caminho

De nada sabem, a nada temem, em tudo crêem.

Seria meu coração infantil ?

Quem me dera que fosse.

Quem me dera ser algo alem do nada que sou,

Quem me dera ficar triste por me saber ser nada,

Mais sou um tipo de nada que contem tudo,

E novamente penso... Como sou feliz.