Minha eterna timidez

Eu fico sem assunto, quando passo por ti.

Fico quase mudo, sem saber onde ir.

Parece um sonho, ter você tão perto de mim.

Estou tão estranho, que timidez sem fim!

O tempo está frio,meu mundo vazio

e te vejo em silêncio passar.

Não sei o que acontece, algo me estremece

e não consigo te falar.

Ensaio palavras, mas me perco na mata

da minha timidez.

Quero te abraçar, jogar-te na cama, te deliciar,

mas algo me conteve outra vez.

Até quando o medo? Preciso entregar meu segredo

a você meu amor.

Amor escondido, nas linhas do livro

do meu coração.

Quem me dera pudesse falar, tudo que sinto através do olhar,

mas não tenho vocação.

E mais um dia se passa, mais uma vez estou na mordaça

da minha aflição.

Sou escravo dessa timidez, e mais um dia outra vez,

não consigo pra ti declarar.

Esse amor tão louco, que invade meu corpo,

e se perde no imaginar.

Passa o tempo, passa o momento,

e lá estou eu, aprisionado ao meu segredo.

E você vai embora, e me pergunto: e agora?

O que fazer pra fugir desse medo?

De repente você aparece, e minha voz emudece...

Você já tem alguém.

E tudo se faz triste, finjo que nada existe,

e volto ao mundo cruel e tímido que me persegue

outra vez.

Nelson Rodrigues de Barros
Enviado por Nelson Rodrigues de Barros em 06/09/2006
Reeditado em 07/09/2006
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