A FEITICEIRA

ICOPERE - O MENSAGEIRO DE LUZIRMIL

Ah! Por que ela apareceu? Por que fui conhecê-la?
Seus olhos, vivos e brilhantes;
Voz com timbres ressonantes
E seus gestos elegantes / não me deixam esquecê-la!

Seu olhar de feiticeira / foi como uma flecha aguda.
Penetrou em meu sentido,
Me tornou um desvalido
Sem rumo fiquei perdido, e não há quem me acuda!

Minha vida era normal, sem o amor a me enlaçar
Porém quando a vi,
Por ela eu me perdi,
Num buraco eu caí, sem poder me arribar!

Minhas poesias de outrora / tinham doçuras de mel
Elas exaltavam as flores,
Não maldiziam as dores,
Consolavam os sofredores / e sempre lembravam o céu!

Ah! Mas o seu lindo olhar / foi como um forte clarão
Em meu ser resplandeceu,
Como uma chama acendeu,
Meu poema empobreceu / e entrei na escuridão!

A feiticeira, porém, só amizade denotando!
Para mim, sua beleza,
Era uma oculta riqueza,
Que eu via com tristeza, que outro ia roubando!

Muitas lágrimas derramei / por ver seu amor distante
Meu consolo eram as poesias,
Que com tristeza eu fazia,
Na esperança que um dia / fossem ao seu horizonte!

Por fim houve o tempo, que assisti seu casamento!
Com meus olhos a embaçar
Pelo pranto a derramar
Vendo o brilho de seu olhar / e tendo padecimento!

Lá se foi a feiticeira, que a um poeta fez sofrer!
Mas penso que fui culpado
Por nunca lhe ter falado
Que eu era o mais gamado, entre os que a queriam ter!