VESTINDO VOCÊ
Você me agarrou pelas asas e falando baixinho,
me disse para não ter medo de voar
Mostrou-me o mundo rodando,
gente fingindo sorrir, no espelho fingindo amar
Derretido com a aventura das alturas,
também vi no teatro da vida, doce ilusão,
ilusão perdida
E, em um papel absorvido de lembranças,
meu personagem brigando para não mais lutar,
enquanto via, a frágil solidão, iludindo outras crianças vencidas,
confessando, convencidas, que o normal é não tentar
Baby, não quero mais o medo de amar, apostei com a vida, que a queda bandida me ensina a voar
Vou sentir o vento secando meus olhos de ontem
Sorrir das caras travadas ou dos sonhos traídos
Debochar da aterrissagem maldita
Olhar o horizonte desafiando meu maior blefe
Como se o pavor de voar não fosse só meu
Como se as asas não fossem só nossas
Como se após eu te despir, não me vestisse de você.
Duda Ribeiro