REPLANTIO
Não faltavam carinhos e lençóis de cetim
Bombons, presentinhos, essas coisas enfim
Patuás e galhinhos de arruda, guiné, alecrim
Sempre juntinhos, paixão dessas de folhetim
Voamos tapetes voadores ou a bordo do Zepelim
Encharcados de licores, bons vinhos ou gim
Víamos beija-flores a se lambuzar num jasmim
Arco-íris em mil cores... sonhamos um curumim
De repente dores, talvez arte de algum querubim
Correram rumores... mentiras?... não era prá ser assim
Éramos amadores, nossos lábios perderam o carmim
Rasgamos os cobertores, num frio de matar pinguim.
No final das contas, restava-nos dividir o butim
Fechávamos a conta assim: tintim por tintim
Bastava de faz-de-conta, aquarela virara nanquim
Quando demos por conta, amor não chegara ao fim
Fomos para os bastidores, escondidos no camarim
Como bons pecadores, remitimos o que foi ruim
Digerimos os dissabores ao som de um bandolim
Replantamos as flores... e somos um lindo jardim