A alma, essa estranha!!!

Amanheci pra vida

De um sono profundo e sereno,

Imersa em sonhos já antes sonhados

Revolta em pesadelos agora vividos.

Mergulhada numa inércia profunda

Vegetando harmonicamente com tudo.

Desejando, sonhando, idealizando, sentindo...

Caminhei caminhos estranhos

Longos e às vezes conhecidos.

Trilhei veredas, prados e calmarias

Em que a alma repousa tranqüila.

Tirei pedras dessas estradas,

Com as mãos de artistas para não deixar pegadas.

Arranhei a alma, essa desconhecida

Para não deixar que o desejo me vencesse

Pro mundo não saber que nas entranhas,

Jazia o calor da alma, que mesmo estranha,

Sonha sonhos de uma vida

Talvez em outros tempos vivida.

E o corpo, que esconde a alma,

Estranha a estranha alma que domina o corpo.

Sente a sede de um amor conhecido,

Esquecido por ela, essa estranha,

Que já tem vivido antes

Sonhou tanto que se aquietou,

Numa aceitação insana,

Que faz do corpo uma prisão eterna,

Para a alma,

Que sendo estranha

Reaja ao seu cativeiro.

Queria romper fronteiras

Invadir espaços, e ganhar o eterno tempo

Criar novos rumos.

Acreditar em verdades novas,

Verdades surgidas das grades que a sufocam.

Alçar vôos por entre as grades

Buscar o sol que a fresta traz

Esquentando a alma, essa estranha

Que de tanto se esforçar, prá se esconder

Se mostra por inteira.

E agora, alma e corpo,

Embora estranhos,

Travam batalhas em suas entranhas

Que agora despertadas

Vão povoar os sonhos da noite que não termina...

Os poros reagem exalando um cheiro

Do amor sufocado.

E pelo quarto, no ar,

Sente-se um aroma

Agora desconhecido

Do corpo e da alma,

Que ainda estranha

Se afoga em prantos e se lamenta

Pelo corpo que a afugente buscando

Ser o que sempre queria,

O que surgiu na madrugada fria,

Trazida pelo despertar dos sonhos.

Agora quase no comando

O corpo domina a alma e se entrega

E se vê liberta de grades conhecidas,

Antigas e presas por raízes profundas.

Eleva-se ao estado da plenitude,

E atinge a outra alma, essa não estranha,

Que esperava por toda eternidade

Por aquela que agora conhecida,

E aconchega, e traz consigo

O amor que atravessou o tempo.

Venceu barreiras

Navegou pelos mares do infinito,

E encontrou abrigo junto à ela...

A alma dessa estranha, que vivia e

sonhava, enquanto na agonia esperava.

Por esse encontro

Que se não se der no agora

Terá ainda a ausência do tempo

A eternidade infinita pra se encontrar.

E então, essas almas

Juntas

Irão se completar

Até que a eternidade acabe....

- Norma Andrade -

fessora
Enviado por fessora em 13/09/2006
Código do texto: T238926