Eu canto o teu silêncio...

O silêncio atinge as lonjuras

E os pássaros se calam...

- Perdi as tuas juras...

Meus olhos buscaram o horizonte

E nada vi

E nenhum som se ouviu...

As palavras de amor se perderam com o vento

E eu te busquei, desesperadamente,

Mas me viraste as costas, em passo lento...

Pregada onde eu estava

Não pude te seguir

E a voz fugiu e não pude te chamar...

- Adiantaria?...

Ofertei-te tudo... E a minha oferta

De variadas formas

Não quiseste receber...

Quando pude, solta,

Seguir-te ao longe,

Não mais te achei...

Pombos correios virtuais

Levaram-te mensagens

Mas não as quiseste ler...

Se as leste, não respondeste,

E teu descaso

Ou teu desprezo

Chicotearam meu rosto

E assim caí...

Beijei o pó da terra

Com o rosto em sangue;

Mas não quiseste ver...

Quedei-me muda

Farrapo humano

E me encolhi...

Em posição fetal

Procurei o útero materno,

Mas só a Mãe Terra estava ali...

Enterrei-me viva

Em chão de espinhos

Com lágrimas cor de sangue...

E assim, dormi...

E dormirei

Até que o Príncipe

Traga seu beijo...

E me subsumi na Terra

Para ser pássaro

E cantar em tua janela...

Abdiquei de mim

E de minha identidade

Para te alegrar com música.

- Mas fechaste a janela!

Então,

Enlouqueci...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 28/08/2010
Código do texto: T2465372
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