Quebrou-se a taça de cristal...

Quebrou-se a taça de cristal...

O vinho derramado, cor de sangue,

Espalhou-se pelo chão e original

Figura desenhou: estava exangue...

Um rosto conhecido, tristemente,

Formou-se no chão branco, qual marfim...

Juntei os cacos vagarosamente

E acreditei que tudo tem um fim!...

Não foi um brinde, nem jura de um amor:

Foi a mão trêmula, que a fez quebrar,

Embaçada em lágrimas que descem devagar...

Tudo tem seu fim!... A taça, o vinho, o amor!...

- Mas eu não chego a me desesperar

Porque este final já era de esperar...

- Quebrou-se a taça de cristal... Se pega outra!

Outra garrafa de vinho a emoldurar

Um novo rosto que há de vir amar

A machucada pérola que nasceu da ostra!

Outros convivas avivarão as festas

Compartilhando esta nova vida

Que sai das sombras, das dores sentidas,

De espiar a vida apenas pelas frestas!

Á luz do sol e perante a luz da lua

Há de mostrar-se a beleza nua

De um amor livre, com flores e serestas!

E o mundo todo há de sorrir do amor

Compartilhado... Mais sem uma dor,

Vivendo a vida em eternas festas!

Quebrou-se a taça de cristal! Chegou o tempo

De trocar prantos por meigos sorrisos,

De fazer do leito, felicidade e risos

E viver a vida! Sendo ainda exemplo

De que a Esperança não foi apagada!...

Abrem-se espaços para felicidade

Tardia, talvez, mas inda esperada

Sorvendo amor sem nem pensar na idade!...

Um amor maduro, que de muitos vêm!

Basta escolher aquele que não tem

Amarrada a vida em intrincados nós!

E assim abrir-se para a oportunidade

De conhecer outros, com a liberdade

De escolher companhia... Ou de ficar a sós...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 02/09/2010
Código do texto: T2475355
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.