Seria amor ou uma terna ilusão?

Ferimento que foi sarado

pelo tempo, seu aliado

Completamente cicatrizado

Por uma nova experiência

Onde nem a máxima da ciência

O havia localizado.

Foi tortura e sofrimento

Foi um passar muito lento

Foi um penar tão cruento

Que ninguém avalia

Só eu mesma conhecia

Ele era todo meu contento.

Ao corpo foi mortificação

Ascetismo sem compaixão

Que massacrou o coração

Sem respeitar a ferida

Que por mim era sentida

Por esta iludida veneração.

Neste viver tão insignificante

Foi na fonte murmurante

Na estrela mais brilhante

Que aprendi um ensinamento

E até hoje o trago no pensamento

Como o mais raro diamante.

No lirismo da poesia

Transmitia em elegia

A tristeza que eu sentia

Como cruel tormento

Que vinha a todo momento

Me encher de fantasia.

Este amor se elevou ao apogeu

E do meu seme floresceu

De escombros ele viveu

Como a flor que desabrochou

E que logo depois murchou

Este amor em mim morreu.

Para mim sua triste morte

Foi o ápice da sorte

Que fez primeiro um corte

Para depois entender

Que eu não amava este ser

Com um sentir muito forte.

Pensei que não cicatrizaria

Esta mágoa que me feria

Achando que jamais sentiria

Um amor igual a este, morto

Mas, me surgiu por conforto

A longa vida que eu teria.

Tentei procurar, mas, não encontrei

Quis me desesperar, mas me refreei

O tempo falou e eu esperei

E em ti que eu não esperava

Que outro amor encontrava

Finalmente me realizei.

Tenho medo de sonhar

E muito tarde acordar

Para novamente chorar

Quando depois perceber

Que este amor vai morrer

Que a felicidade vai acabar.

Mas, tenho que enfrentar com valor

Este puro e verdadeiro amor

Que eu sinto com ardor

Caminhando sem temer

Que pode acontecer

Outra tão triste dor.

Receando chegar a te ferir

Tentando sempre fugir

E nunca lhe transmitir

O que eu já sofri

O que por outro senti

Sempre a chorar e sorrir.

Mas isso foi superado

Nada mais existe guardado

Tudo em mim foi renovado

Ficou apenas o amor

Com todo seu esplendor

Para quem for por mim amado.

Eu não sinto rancor

Por quem me provocou a dor

Com todo seu horror

Me vai um agradecimento

Pois renovou meu sentimento

Deixando intacto meu amor.

Hoje sinto a felicidade

Dentro da realidade

Longe da falsidade

Que eu presenciei

Naquele que eu pensei

Que amava de verdade.

Cheguei a uma conclusão

Que antes senti apenas paixão

Numa primeira ilusão

Que foi tão passageira

Mas, que vai servir pra vida inteira

Como uma rígida lição.

Entregarei um amor amadurecido

Sem marcas, do lembrar esquecido

Mas, que já foi muito ferido

Pelas malhas da decepção

Mas, não atingiu o coração

Que estava protegido.

Meu sentir não foi tocado

Não foi meu coração decepado

Nem meu amor foi marcado

Aprendi que a paixão

Provoca grande revolução

Mas, é um sentir alienado.

O amor é diferente

É algo que a gente sente

Sem reflexão da mente

Ele é tão natural

É um sentir especial

Que vive eternamente.

Te amando sem loucura

Em uma simples candura

Emanando a doçura

Encontrada em cada ser

Que se completa com o prazer

Na prática mais pura.

Nísia Maria de Souza
Enviado por Nísia Maria de Souza em 26/09/2006
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