Na dança

À penumbra tênue, agitado,

Teu corpo envolvido de harmonia

Em sutis movimentos soltos

Indo e vindo,

E descendo, e subindo.

Olhos cerrados, sentindo em ti

Acordes rítmicos guiando teu corpo;

Unindo e afastando;

Unindo e tocando.

Inusitadamente sentindo o prazer.

Ao teu lado, eu,

Disperso e preocupado,

Movo-me, desloco-me

Sem saber como proceder

Passível, fixo, perturbado...

Sucumbindo ao teu querer.

E quando sorris inocente,

Desenhando na face traços pueris,

Singelos desenhos nos lábios encarnados,

Acanhados, meus olhos tendem a ti.

E danças sedutoramente,

Misto de inocência e pecado.

Movimentos diáfanos, inegáveis

Formas de desejo... Aproxima-se

Devagar. Eu tremo.

Olhos se encontram próximos...

Brilham elucidados.

Não pensam, faíscam;

Ardem abrasados.

E me estende os lábios,

Aceito-os sem cismar.

Entregas-te aos meus, não me negas...

Corpos, faces, lábios atados...

A música guia, conduz a dança

De bocas e línguas mergulhadas

Penetrando e procurando e perdendo

As formas, no claro, preocupadas.