Escrevendo de amor

Quando se escreve firme

Pode sangrar cada letra

Pois a vida é canhestra

E dela não posso eximir-me

Não fujo, logo escrevo

O sangue corre pela minha dor

Porém, faço o que acho que devo

Em nome do meu amor

O amor ou a dor, qual é mais forte?

Só uma poética questão...

Para os que sofrem do coração

Sem temer a vinda da morte

A vida é torta, mas a morte é certa

Será que a morte corta o que a vida aperta?

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Sem resposta, a escrita segue sangrenta

Um punhal nas costas...

Uma boca que grita...

E uma alma cega ainda agüenta...

Cega e burra, pois crê ainda haver

Beleza na poesia que se pode fazer

Nos momentos da vida, os mais feios

Como se os fins justificassem os meios

Cega e burra, porém, não muda

Teima e não se mantem calada

Insiste no choro triste de quem foi mal amada

Por outra, sem defeitos, apenas surda

A vida é quietude, a morte é barulho

Há orgulho na vida em se morrer com virtude?

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O que faço se perde como um balão de gás

Solto no espaço, a não se encontrar jamais

Somente para teus olhos que não me podem ver

E pra teu coração de aço que não merece bater

O sangue de cada letra desce à terra

Se infiltra na água das fontes

Fora das vistas, dos horizontes

Habitará sob as montanhas e as serras...

E assim a morte viverá

Ou a vida morrerá, dá igual

Letras como entranhas sobre um pedestal

É coisa que ninguém o verá

A vida é choque, a morte é paz

Só quem vive a morte, morre o que a vida faz

Márcio Gualberto

Márcio Gualberto
Enviado por Márcio Gualberto em 03/10/2010
Código do texto: T2535510