Sonetos Diversos
Reverenciá-la
Quero poder te render culto
Colocar você num alto e profundo
Altar de amor e eterno culto
Poder com meu amor exaltá-la
Não abomines minhas preces!
Pois só em ti, o meu amor se fortalece
Só um bem quero que entendas
Poder exaltá-la e reverenciá-la
Não vejas na minha prece uma abominação
Quero que compreendas a minha emoção
Quero você no pedestal do meu coração
Por isso venho a ti com devoção
Invocá-la com magna paixão
Preces a você com amor e gratidão
Rosa
Certa vez a vi cruzar em meu caminho
Bela e delicada rosa divina
Que rosa, bela, linda rosa
Que encheu meu dia de alegria
Meu coração por te bate suave
Seu perfume de rosa encantadora
Penetro no íntimo do meu pulmão
Como um sopro de um vulcão
Era uma linda rosa
Rosa, dessas sem espinhos
De doces lábios, mel e carinho
Era uma linda e bela rosa
Em meu tortuado caminho
Não era uma rosa, era você minha amiga
Sonho com Você
Ando por você a sonhar
E teu amor a cobiçar
Morrer em teus lábios ardentes
Em todo teu encanto irreverente
Sua pele dourada pelo mel
Inspira em meus sonhos
Os mais doces desejos
De prová-la com meus beijos
O seu sorriso malicioso
Com o seu olhar de fogo
Mostra em mim o que da vida queres
O que queres no meu corpo
Com o teu sonhado corpo?
Satisfazer meus sonhos e seus desejos?
Declaração
Eu poderia ter te amado
Junto, sozinho ao teu lado
Bem próximo a tua destra
E meu amor declarado
Confirmando em sua presença
O que já eras confirmado
O amor que em ti, e em mim
Que no chão do peito havia brotado
Eu te amo com amor infinito
Por ti declaro meu carinho
Ainda a tempo de construirmos
O nosso tão sonhado ninho
Viveremos felizes, voando
Eternamente livres no infinito
Esperança
Preparar a seca terra
Esperar a chuva que cai
Desce do céu e germina o pão
Despertando a semente com o forte trovão
Inspira a todos a terem fiel devoção
Esperando da fértil terra
A vida que brota do chão
Para conservar a vida, a manutenção
Recolher o fruto
Saciando a fome do mundo
Da terra, tira o bendito fruto
Bendito sejam o doce e o amargo fruto
Milagre da terra, que brota germina
Divina multiplicação
Frustração
Como me arrependo
De não ter te amado
De não ter perdoado
E de não ter chorado
Não existe volta, não há mais jeito
Nunca saram cicatrizes no peito
Poderia ter vivido mais
Brincado com intensidade, ver o sorriso
O mundo gira, continua a bailar
O passado passa, o presente se foi
Recomeçar ainda é viver
Infelizmente o mau fruto colher
Dos bons frutos voltarem a viver
E do nada de novo florescer
Não há igual
No mundo imenso não existe
Quem a você se assemelha
Na sua divina beleza
Não há quem se parelha
Sua pele e seus suaves cabelos
Seu olhar esconde segredos
Meu coração por ti
A vida toda almeja
Desejo te ter porvir
Busco seu amor no presente
Com um coração inocente
Perdoe-me pelo amor indecente
Minha deusa, minha vida
Minha Afrodite querida
Seu olhar
Seu olhar de amor ardente
Faz me sentir-se irreverente
Humilde vassalo, nos seus lábios
Profaná-los com meus imperfeitos beijos
Admirando e deliciando nas suas
Belas e perfeitas curvas
Perco-me o juízo, fico sem razão
Elas me despertam o amor, a paixão
Desejo ter o teu belo corpo
Assim vós mecê queres
Ser dona do teu amado?
Purifica-me com teus lábios
Sacia-me no prazer
Força meu coração florescer
Jardim da Fantasia I
Meu amor no jardim
Esta aflita esperando
Ser amada e poder se deitar
Nas rosas do prazer e sedução
Espero meu amor com carinho
É ele quem sacia meu carnal prazer
Sua voz vem como o som do vento
Tocando meus seios com carinho
Sinto-me prazer em amá-la
Fazer dela a flor mais feliz
Interagindo com ela sobre as flores
Venha meu querido amigo
É belo saciar se do fruto
Com o meu amado senhor.
Perdido
Eu estou tão desorientado
Olho para todos os lados
Só aumenta o meu pranto
Vejo todos passarem preenchidos
E só eu que estou neste
Grande abismo e vazio
A solidão me aperta
E então eu choro tanto
Não há ninguém para ouvir
Meu choro e olhar meu desencanto
Eu olho e vejo que não tenho
Você aqui do meu lado sonhado
Só você me salvaria e me guiaria
Neste mundo louco de vazio
Júlio Ribeiro Cortez
Eu não sei...
Eu não sei como me expressar
E dizer que eu te amo
Só peço a você que me perdoe
Por ser direto e aflito
Meu pedido é pressa para você
E agonia para mim
É noite e não é dia
Incerteza, esperança, desejo, amor e pranto
Preciso de um sim, é um alívio
Preciso de você, é solução
É dia, luz, amor, sem agonia
Amo-te com amor bordélico
Amor quente como o fogo
Arde quando é tocado em seu corpo
Se eu fizer...
Se eu fizer amor com você
O que você faria
Minha malícia?
Logo você se apagaria?
Mas creio eu que a noite toda
Seria luta, mas que eu venceria
Deixando você saciada
Mas pronta para o outro dia
Pelo tamanho de tua fome
Creio você ter ância
De prazer e de excitação
Por isso eis aqui o seu remédio
Minha caça sou o teu caçador
Vou saciar o seu calor
Jardim da Fantasia II
Jardim da fantasia
É o seu majestoso corpo
Onde eu criança fico a passear
Em busca de tua rosa, flor do amor
Esse jardim com belos bosques
Com montanhas lácteas
Onde mato minha fome e sede
Bosque da pureza inocente
Enquanto busco o caminho
Do eterno amor florido
Em teus lábios perco-me o sentido
Em teus olhos vejo o infinito
Em teus membros quentes
Encontro eterno abrigo
Sagrado Amor
Sagrado amor, feliz família
Os meus lábios em teus seios
A palpitá-los com meus beijos
Saciando-me de prazer demente
Teu corpo me enlouquece
Teu olhar me estremece
Mais prazer eu sinto perto
Do teu corpo descoberto
Sagrado amor, profanos desejos
Amor perfeito, feliz loucura
Poder saciar, teu corpo se alegra
Com meus respeitosos lábios
Lábios de tolo poeta
Que por ti só da louvores
Meu anjo
Meu anjo que me acalenta
Ao mesmo tempo me atormenta
Quanto mais você brilha
E do meu lado resplandece sua luz
Mais você me assedia
E minha mente sacia
Dos pensamentos vis profanos
Estás para me proteger!
Mas com você ao meu lado
Também posso me perder
Tu és anjo ou demônio?
Queres me levar para o céu
Do imenso e puro amor
Ou para o ades da purgatória da paixão?
Alma minha
Minha alma por que me abandonastes?
Eu hoje fico a ver solidão
Pensando em você só resta vasta imensidão
De idéias prazerosas sem você consumação
Como resistir de vis mulheres
O imenso prazer e encanto
Se só em você termina meu pranto
Por isso voltes para seu ninho
Quero matá-la de carinhos
E ligar de novo nossos caminhos
Alma minha não fiques tristes
Te aceito de volta neste coração
Espantará toda minha solidão
Depois poderás voltar pra seu mundo
Júlio Ribeiro Cortez
Beijo-me
Beijo me sua boca, doce como o vinho
Respiro fundo o seu cheiro de jasmim
Eu sou sua e você o meu caminho
Juntos nós viajaremos no amor
Você de tal terra é a maior filha
É a luz que sacia o dia
Desta nação de belas orgias
Por ti derramo meus prazeres
Eu no bosque buscarei o meu amado
Pedi às árvores noticias do meu amado
Onde está o teu leito, teu abrigo?
O meu deleite e meu abrigo
Onde durmo e sacio, é o teu corpo
Nos teus braços eu faço ninho
Nudez
Já despi as minhas vestes
O que esperas de mim?
Já vejo teu corpo em lenço
Sem pudor a me mostrar
Venha minha amada com mãos fortes
Alisando meus membros nus
Sentindo meu calor de prazer
Enquanto eu me aninho em você
Vem em prazer buscar a sorte
Envergonhando Vênus ciumenta
Que com desprezo não se contentas
Ao ver você feliz e florida
Do aroma do louco prazer
Derramando seiva do amor.
Partida
Oh que ternura eu sinto em minha alma
Quando você partiu minha amiga
As chamas do fogo sumiram do meu corpo
Chamas que só você as alimentava
Com o óleo do teu corpo
E o calor dos teus seios macios
Eu buscava abrigo e proteção
E dentro do teu corpo, esquentava meu tição
Agora tudo é um imenso vazio
Vejo a falta que você me faz
Minha mulher querida
Ando errante pela solidão
Na cama não há consolação
Só frio, agonia da solidão
Outrora
Como eram bons os tempos de outrora
A juventude, rainha do viver
Por entre campinas, correr, saltar, crescer
Com os amigos viver e sonhar
Oh minha fase querida!
Minha infância perdida
Saudosas pessoas que não voltam mais!
Perderam se no tempo e no espaço
Tempos bons de saudades
Onde não se via maldade
Nem preocupação com o futuro
Oh se ontem eu pudesse
Ter de hoje a mentalidade
Não teria desperdiçado no passado a vida
Estrada
Nessa estrada, dela nada sabemos
O que virá apenas se sabe o agora
O futuro é um sonho
Que tentamos transformar
Quando chega, agita
Muda nossa vida
E nos obriga a tudo aceitar
E nossos a naufragar
Nesta estrada não nos cabe
Conhecer o fim adivinhar
O recurso é viver e sonhar
Vamos todos juntos por ela
Vivendo o hoje, como um amanhecer
E depois viver, para o fim podermos ver
Viver a vida
Lindo e esplendoroso é poder viver
Poder em cada dia ver um sol nascer
Ver um desabrochar da vida em um jardim
Sorrir para a vida sem fim
Poder ver um mundo feliz
Poder amar sem pensar no amanhã
Poder viver intensamente uma paixão
Criar fantasias, encantos, amores
Ser alguém, amar e poder ser amado
Compartilhar do melhor da vida
Com alegria, tudo se cria
Respeito mútuo, tudo se constrói
Rumo à educação e amizade sadia
Esse é o bom viver a vida
Quando você partiu...
Oh que tremura eu sinto em minha alma
Quando você partiu minha amiga
As chamas do fogo sumiram do meu corpo
Chamas que só você as alimentava
Com o bálsamo do teu corpo
E o calor dos teus seios
Eu buscava abrigo e proteção
E dentro do teu corpo, esquentava meu tição
Agora tudo é um imenso vazio
Vejo a falta que você me faz
Minha mulher querida
Ando errante pela solidão
Na cama não há consolação
Só o frio e agonia da solidão
Cansado
Estou cansado deste fadonho dia
Quero quando o sol se por
Poder descansar em teus braços
Poder sentir seu coração bater
Poder te amar, sem pensar
Que amanhã outro dia virá
Quero nesta noite sonhar
E no prazer se deliciar
Quero com você amar, sonhar
E ver o novo dia raiar
E dele esquecer as lutas
Se não raiar o dia
Quero só esta noite sua companhia
Poder morrer e viver em teus braços
Estou sofrendo
Eu por ti sofro querida
Sou um simples poeta rústico
Que na vida nunca arrumou nada
Mas arrumei o seu amor
Por você ganhei a vida
Que não tinha alegria
Encheste de prazer
O meu negro dia
E de prazer meu corpo rude
Alimentastes com teu corpo
Calor louco e divino
Em mim colocastes o teu brilho
Obrigado minha loucura
Tornastes-me rico com amor.
Amor escondido
Sonhei com teu amável rosto
Inclinado o rosto em meu peito
Perdoando-me por meus defeitos
Implorando loucos desejos
Sonhei que era ousado
Acariciando este pudico amor
Vil demente sacrílego pecado
De um amor proibido
Amor clandestino
Delicioso, ardente e atraente
E cheio de um mistério envolvente
O que nos mata é a incerteza
O medo de sair da clandestinidade
E cair na boca da verdade
Violão
Tirando você da capa, passeando pelo teu corpo
Alisando o teu corpo com mãos suaves
Tocando as cordas do teu peito
Você fala um som manso em meu ouvido
Meu violão, deitado em meus braços
Delicio-me em olhar e alisar suas curvas
Curvas que se encaixam em meu corpo
A maior canção é poder te ver
A maior música é poder tocá-la
Acariciá-la, alisar o teu corpo
E ouvir você falar em meu ouvido
Meu violão, minha vida
Teu corpo, minha paixão
Tuas curvas, minha sedução
Escreva-me
Escreva-me nem que sejas
Uma pequena e curta linha apenas
Para eu saber como vive
O meu tão nobre amor
Ontem eu chorei em nosso lar
Em cima daquela cama
Cama que ainda exala e condena
O teu nobre perfume, minha colônia
Ontem eu chorei ao sentir a sua falta
Perto de mim, em nosso lar
Escreva-me que irás voltar
Espero você em minha vida
Como a vida espera o eterno sol
A cada manhã, a cada dia e a cada noite.
Meu Amor
Meu amor eu te quero
Como as flores no inverno
Precisam do calor do sol
E eu da luz do teu corpo
Eu querendo acariciá-la
E no amor louco sufocá-la
No prazer doce da vida
Preciso e quero ter você
Viajar no mundo do teu corpo
Conhecer ilhas e destinos sombrios
Apalpando com meus lábios
Esse santo prazer pudico divino
Magia, deusa, carícia da malícia
Que de Eros ouvem-se louvores.
Encanto
Eu perdido no meu canto
Desperto em você o meu encanto
De amor sincero e respondido
Amor triste e deprimido
Sozinho eu fico admirando a arte
De ver você de formas pudicas
Despertando o prazer nas formas míticas
Do teu esculpido corpo caliente
Não basta só olhar, admirar
Tenho que beijar, e no prazer saciar
Endeusar no amor e na malícia
Gozar de ter você, e como você quer
Dominar-te nesta noite minha Senhora
Fazer mulher eterna, eterna professora
A Cigarra
Havia no mundo uma cigarra
Que levava a vida na toada
E das pobres formigas trabalhadoras
Inspirava canções de zombaria
Mas o tempo como Senhor da morte
Da paciência e calma razão
Trouxe o inverno, a triste sorte
E valor para alguns, outros humilhação
A formiga agora goza em paz em sua casa
Só desfruta do que colheu do trabalho
Compensou o esforço, descansa no inverno
A néscia cigarra tola e cantora
Sem se preocupar com a sorte
No cruel inverno veio a sua morte
Jangada
No mar se vai minha triste jangada
Não vá para a pesca ou algum certo destino
Lá se vai o meu amor sonhado e chorando
Sozinha chorando no mar sem destino
Lá se vai chorando e de coração partido
Enchendo o mar de sal de lágrimas
E o mar também eu chorava em ondas
Por ver a triste e sombria partida
Minha cruel jangada no mar sem destino
Nas águas sem saber o porquê dos choros
Ela agora e um instrumento do cruel destino
Meu amor se foi na jangada
Do mar da saudade da vida
Amarga e triste fiel partida
Coração a Mineira
Mineira de coração valente
Que me enches de um prazer quente
Fazendo me sentir louco em conhecer
De ter você e de te pertencer
Mineira meiga e maliciosa safada
Carinhosa felina, meiga como fada
Me deixas cego por suas diabruras
Espantando do meu coração as amarguras
Saciando na cama, do prazer à loucura
Mil encantos, lindos, imorais fantasias
Com carinho e suave, pura ternura
Vem minha mineira sem vergonha
Encher-me de desejos, desejosos envolventes
Enquanto eu me aninho em suas partes quentes
Minha Feliz amada
Oh minha feliz amada
Teus olhos são como faróis
Que brilham no infinito
Das profundezas do meu íntimo
Oh Eterno Criador Divino
Os fizestes para despertar
O doce desejo do amor
E clarear minha noite em dia
Nos teus olhos vejo a poesia
Pobre simples, louca rapsódia
Divinas letras de Homero
Fazer – me saciar o belo
Desejo de amor, desejo eterno
De ter você deitada ao meu lado
Boa Noite
Boa noite Donzela, eu vou-me embora
Não me esperes amanhã cedo.
Não me apertes contra o peito
Que assim me acende mais o meu desejo
De ficar, amar o teu corpo
Mas já rompe o belo dia
É hora da negra noite
Recolher como cortina
Eu queria nesta translúcida cambraia
Descobrir dela o teu saboroso corpo
Mas infelizmente, já rompe o dia ardente
Já brilha a luz da aurora
Clareando o teu corpo nu
Bom dia nobre Donzela.
A frouxidão do Amor
A frouxidão do amor é ofensa
Ao mais néscio amor demente
Deixando a paz descontente
Arruinando o amor, caindo a casa
Olha querida de mim não se zomba
Dos meus tristes e singelos versos, tomba
Só a ti peço que sejas e me ajude a ser forte
Fazendo nosso amor cair à sorte.
Formosa, teus beijos tem sabor de mel
Teu desprezo a mim, amarga como fel
Por obséquio, uma veloz decisão!
Por que complicas a diaba vida
Falando se dela como uma inimiga?
Deixando cair na vida à intriga
Cristo
A vós, correndo vou a Ti, meu Cristo!
Na santa cruz, pedir auxilio
Implorar forças do infinito
Este teu humilde e triste filho
Que por mim, teu sacro e escarlate sangue
Gotejastes no cruel madeiro
Com os pregos do ferreiro
Derramastes, diante da cruel gangue
Aos teus humildes olhos abertos
Perdoa-me com eles despertos
Lavando-me com o perdão
Ao pecado, quero afastar-me
E na cruz contigo quero atar-me
Para junto de ti, ter a salvação
Amor de outono
Já repousas o quente verão
E eu me encontro na triste solidão
Da saudade de beijar teus lábios
Desejos loucos, meus anseios
Deslizar minhas mãos como folhas
Amparadas pelos ventos do outono
Preso a você como ferrolhos
Amando e esperando o gélido inverno
Ver desabrochar seu botão belo e florido
De doce flor, infinito prazer, carinho
Dos teus lábios doces, saboroso caminho
Suave aroma que destila
Do teu fervente desejo
Quando desperto-a com um beijo.
Cantiga de Amor
Vaiamos amiga a dormir
No calmo negror da noite
Em ribas de uma vélida campina
Quisera eu te amar!
Pero Nostro Sacro Senhor
Uniu-nos nesta Arcádia encantada
Com teu magno perene Poder
A todo meu poder te ter
E o encanto das fadas
Leixa-las guarir Orfeu!
Mortalhas de sono dês o anoitecer
Nos meus braços terrá perfeito preito
Atá caer romper do dia
Na minha cama em que sol jazer.
Vocabulário:
Vaiamos = Vamos.
Em riba = Em cima.
Vélida = Verde.
A todo meu poder = De todo meu coração.
Amiga = Namorada.
Fadas = Ser Mitológico encantado.
Arcádia = Monte da Grécia.
Terrá = Terá.
Preito = Pacto.
Atá caer = Até cair.
Em que sol jazer = em que dormia só.
Senhora
Senhora parte tão triste
O meu cansado coração
Que nunca no mundo vistes
Outro assim por você
Tão triste e tão choroso
Doente de tamanha partida
Distante mortalha da vida
Lonjura de circunstâncias
Dez mil vezes morrer
Longe de ti nesta vida
De tamanha tristeza
Cem mil vezes nascer
Por ter do lado sua amizade
Tendo por perto minha Senhora.
Vou-me embora para vintém
Vou-me embora para vintém
Onde conheci alguém
Sou amigo de quem nela manda
Sem precisar de um vintém
La eu terei fortuna sem fama
E a mais bela mulher em minha cama
Lugar onde riquezas não valem
Só se vale a amizade, amor e respeito
Vou-me embora para vintém
La eu vou morrer como alguém
Fazendo o que me convém
Tendo o amor de alguém
Vivendo como ninguém
Respeitando alguém
Serei Fiel
A ti meu amor, sempre eu serei fiel
Mesmo em face do eterno tempo
Preso a ti serei como abelha ao mel
Vivendo a cada momento, doce tempo
Hei de espalhar meu canto
Feliz eterno contentamento
Mesmo em tristeza e espanto
Não desperdiçarei cada momento
Poder falar a você do meu amor
Que nascerá belo a cada manhã
E poder reverenciá-la, minha flor
Assim poder aquecê-la
E louvar tamanha beleza
Cada vez que eu a vê-la
Amor quente
Amor de chamas quentes
Olhos verdes e envolventes
Levando-me a doce tortura
De cobiçar tamanha loucura
Poder estar contigo amada
Sentir você pra mim cantando
Uma prece linda de puro amor
Exalando cheiro suave como uma flor
Oh minha amada flor!
De pele macia, lisa delicada
Doce amor, puro sabor
Quero sim ter e possuir você
Sentir prazer na amarga vida
Delirar e sonhar com você