NEGRA NOITE (COLETÂNEA "EU, NATURALMENTE")

A noite não é mais uma criança:

É mulher feita, esguia, misteriosa,

Mulher mulata que se aproxima silenciosa

Com seu vestido negro, espalhando calada

O tecido de fazenda perfumada

Sobre toda criatura existente.

Seus olhos escuros e cintilantes

Têm um brilho fascinante

Que encanta o viajante

E o saudoso amante.

A lua descansa em seu colo protetor

Como um medalhão de esplendor

Enchendo seu corpo de luz.

Seus cabelos escorregam por seus ombros

Como negras cascatas em vales nus.

Suas saias, cheias de babados, espalhadas,

Com gotas de diamantes adornadas,

Cobrindo a terra de brilhantes relicários

E apaixonando os marinheiros solitários.

- Ó noite, negra noite que me envolve!

Leva-me contigo quando te retirardes!

Não me deixes ver o sol te expulsar

Clareando teu magnânimo reinar!

Ó noite, negra noite que me enlaça!

Com teus frescos braços me abraça

Pra que eu não veja o sol raiar!

Débora Falcão
Enviado por Débora Falcão em 21/10/2010
Código do texto: T2570482
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