LEMBRANÇAS MELANCÓLICAS DA SOLIDÃO (PARTE XIV)

Sozinha, eu? Estou, completamente.

Me rendo aos meus sentimentos solitários!

Relembrando tudo o que acontecera,

Vejo que não sinto saudades mais

Do meu deus grego, bonito e forte.

Sinto saudades, sim, do vinho doce,

Do cheiro de mar, dos olhos de fogo...

Da força dos cavalos de guerra...

Sozinha, eu? Sim, tristemente.

Por isso escrevi minha história

Em forma de versos e em símbolos,

Para comer o prato frio da vingança...

Na esperança de ver Afrodite

Ler os meus devaneios.

Se vai entender minhas metáforas?

Como poderia saber?

Minha história é pública agora,

Quem poderá entender?

Compreender o significado de uma paixão

Pela cor, pelo gosto, pelo cheiro,

Pela força, pelo tato...

Então falo que agora posso sentir o alívio

De ter me desvencilhado de tamanho peso,

Em carregar nas mãos e no coração

As cicatrizes de uma fascinação

Que não media conseqüências,

Que esquecia tudo e todos,

Que não via testemunhas e

Transformava tudo em beleza e harmonia.

Sozinha, eu? Talvez, simplesmente.

Mas agora posso sentir

O perfume das rosas...

Rosas de todas as cores,

Cores vivas, cores quentes.

Uma pequena chama volta a me aquecer

Dentro do peito.

O vale de minha alma,

De um verde escuro e inebriante,

Me atrai, me chama, me convence

A correr novamente

Na direção do sol.

Débora Falcão
Enviado por Débora Falcão em 27/10/2010
Código do texto: T2581062
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