PARA VERSAR O AMOR
Para versar o amor,
há de se encontrar palavras de sentido infinito,
ver as entrelinhas brancas, torcidas, como em nossos lençóis,
sentir a maciez dos verbos igual a das nossas peles,
o perfume do corpo em cada letra,
o conforto sonoro do beijo guardado nas rimas
a respiração ofegante, as pausas dos olhares,
nos nossos pontos e vírgulas.
Para versar o amor,
é preciso não precisar, conjugar, mas não julgar,
deixar rolar, brincar com a sopinha de letras,
lembrar da concordância nas línguas perdidas,
conhecer os segredos das meias palavras,
o radical e vogal temática dos
corações ancestrais.
Para versar o amor,
penso que seja mais fácil pelo
caminho da simplicidade na oração composta.
Ou seja, versar, também é praticar com quem se ama.
Então verse o amor, verse muito... em qualquer lugar,
mesmo que não haja uma cama.