PARA VERSAR O AMOR

Para versar o amor,

há de se encontrar palavras de sentido infinito,

ver as entrelinhas brancas, torcidas, como em nossos lençóis,

sentir a maciez dos verbos igual a das nossas peles,

o perfume do corpo em cada letra,

o conforto sonoro do beijo guardado nas rimas

a respiração ofegante, as pausas dos olhares,

nos nossos pontos e vírgulas.

Para versar o amor,

é preciso não precisar, conjugar, mas não julgar,

deixar rolar, brincar com a sopinha de letras,

lembrar da concordância nas línguas perdidas,

conhecer os segredos das meias palavras,

o radical e vogal temática dos

corações ancestrais.

Para versar o amor,

penso que seja mais fácil pelo

caminho da simplicidade na oração composta.

Ou seja, versar, também é praticar com quem se ama.

Então verse o amor, verse muito... em qualquer lugar,

mesmo que não haja uma cama.

Naldo Coutinho
Enviado por Naldo Coutinho em 10/10/2006
Reeditado em 07/01/2007
Código do texto: T260657