MEU NEGRO AMOR

Meu pálido anjo da noite,

Suas mãos são tão frias como geleiras,

Porém delas me vem o ardor de um furacão,

Um coração não bate em seu peito oco

Mas provém desse vazio

A imensidade de um amor

Que qualquer outro ser no mundo

É capaz de me propor.

Sua pele é tão clara,

Que a Lua em ti se confunde,

Seu cabelo é tão negro

Que com a noite se mistura.

E eu aqui, que para ser tua,

Tenho de esperar o surgir das estrelas.

A escuridão me é tão clara com você;

Me sinto livre e minha deveras flutua

Até chegar o Sol e de ti me tirar

e ali ficar só a sofrer .

E, ao cair o manto noturno, mais uma vez

O sofrimento cessa, tudo recomeça...

Hoje quero que me banhe em vinho,

Me entorpeça a alma,

Me vista de Lua,

E me torne tua!

Não temo a fúria dentro de ti:

Eu sei que você é maior por mim!

Não temo a tua sede,

Pois minha vida é que te sacia.

És de ti, que me vem à segurança;

Pra ti corro quando temo,

Em ti... me derramo em gotas ferventes,

Em teu peito frio me acalento.

És tua a eternidade!

De ti... só tenho essa vida,

E quando dela eu for embora,

Quero que agarre minha alma!

Coloque-a em teu peito vazio!

E se embriague de mim...

Dessa forma, finalmente,

estaremos juntas até o fim do fim...

Sem se preocupar com o surgir do amanhecer...