DESFALECIDA DE AMOR

Hoje o palco da minha vida está triste.

Não há platéia, aplausos... Não há nada

A cortina se fechou e o ato se desfez

No camarim da existência

Apenas eu, a única atriz,

Triste e solitária.

Entre truques de maquiagens.

Procuro disfarçar meu olhar triste.

O último ato do teatro da minha vida,

Foi ilusão, desilusão, solidão.

Despida de sonhos

Fui realidade fria e absoluta.

O encanto de outrora se perdeu.

A felicidade

Deu lugar a indiferença.

Meu olhar, então,

Se fez pranto de amor.

Inconsolável

Procurei o aconchego

Em corpos

Que jamais

Me deram calor.

Procurei sabor

Em beijos insípidos.

Loucura...

Tortura sem fim.

Mesmo em teu abraço

Sinto a distância.

Mesmo em teu amor

Sinto a inconstância me revirar.

Tudo em mim está dilacerado

Perdido...Sofrido.

Tudo está machucado...

Quase sem vida.

A inspiração dos versos tão belos.

Hoje é vazio e solidão

A poesia se calou.

A música perdeu a canção.

A lembrança

Deu lugar ao sofrer.

Olho meu rosto no espelho

Vejo traços tristes de angústia.

Vejo meu olhar cheio de lágrimas,

Opaco, tristonho...

Meu peito em dor

Sofre o suplicio do amor sem razão

Sem explicação.

Em meus pensamentos

Apenas tua saudade vem em silêncio

Meu coração atormentado

Grita insistente pelo teu nome

Não consigo te esquecer.

Minha poesia é saudade...

A música ficou fúnebre,

Fundo musical do meu sofrer.

Atordoada pela tua ausência,

Nada consigo fazer.

Nem mesmo encenar, imaginar...

Tua volta.

A tristeza me consome...

Meu corpo está frio

Acho que estou morrendo

E no camarim esquecida...

Apenas um corpo desfalecido

De amor.

Socorro Carvalho
Enviado por Socorro Carvalho em 14/10/2006
Código do texto: T264193