Cenas da noite
A noite está sombria e deserta
Como o meu coração.
Vejo o vento levar o papel
Assim como seu adeus na estação.
Não peço para que fique,
Pois assim como as nuvens se vão,
Você também deverá ir.
E quem sabe você volte como a chuva
E me molhe por inteiro,
Deixando-me completamente
Afogada em seus braços.
O tempo começa a se fechar,
Trovejar, relampejar, raios a me assustar.
Assim como a minha garganta
Começa a se sufocar para que os meus gritos
Não comecem a despertar a vizinhança,
A quebrar os vidros das janelas já fechadas
E alcancem os seus ouvidos
Que não devem ouvi-los nunca,
Pois fui eu quem os libertei da minha voz
E sou quem quer que eles sejam sempre livres
Da minha voz e das outras.
Egoísta sim, como a chuva que começa a cair
Sem nem mesmo perguntar se queríamos assim.
A chuva cai e molha a janela
Que meu grito poderia ter quebrado.
Mas como a imagem que outrora sombria e vazia,
Agora só escura e chuva caindo;
Eu sei que já não vai mais
E o adeus na estação ficou apenas
Na lembrança do que aconteceria.
Não sei se seria melhor que a chuva parasse
Ou que me encharcasse;
Que você fosse embora,
Ou que me afagasse.
Cenas da noite continuam passando,
Elas ainda não terminaram.
Não sabemos quando elas cessarão
Mas, pelo menos, esta poesia já está finalizada.