Poesia à Mulher Amada

O teu silêncio navega as ondas

adormecidas do esquecimento.

O tênue vento acaricia mansamente

as brancas velas

nesse silêncio mais imenso ainda.

Meu coração tenta conter

todo esse silêncio

e se rompe de vontade.

És tu a única realidade que aceito

e a retrato em todas as cores

e sons que conheço.

Esta alma, a única que possuo,

se abarrota dos perfumes

que exalam de ti.

Pelos sonhos, te desenho sempre minha

na colheita do fruto das ideias insistentes.

Neste momento

sou a própria hora do tempo,

de ti, de mim, de tudo mesmo.

Dentro do céu que sou,

brilha a única estrela da tua existência.

Sempre!

Na tua presença

não existe a ideia incerta

de nunca voltar para casa.

Absorto,

creio que a vida sabe à tristeza

quando longe de ti,

e que um breu tomará conta

de todas as ânsias

onde claudica a vontade

sem medo, sem dor, sem alegria,

sem maldade, sem bondade, sem nada!

O teu silêncio me chama,

me embala e me guia

nesta nau que procura

o teu eterno farol!

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