Só, não me basto

É que só eu não me basto, até esborro,

distribuo risos, me divido melhor, mas,

falta o sorriso do outro, o olhar do outro,

o mau humor do outro, os comentários do outro...

falta um espelho, falta um desafio, a conquista,

faltam as flores, falta o chocolate, o abraço de

chegada...

a briguinha do dia a dia...

Por isso, só , eu não me basto, eu ultrapasso,

eu retrocesso, eu num balé em plena chuva,

eu sem ouvir música, eu sem enxergar o mar...

Não me basto só, eu poesia sem verso,

eu e os dias perversos, eu e os avessos das coisas,

eu e a saudade daquele beijo, eu e as lembranças e os

desejos...

Não me basto só, não quero me bastar só,

mas, quando em par: Eu festa todo dia, eu até com

dor dente sinto alegria...

não que seja o depender exato do outro, porém,

tenho plena convicção que de tanto me esborrar

todos os dias, preciso equalizar, minimizar esse todo

que em um só, é dose demais, é veneno, é quase

agonia...

Ada Mendes
Enviado por Ada Mendes em 10/01/2011
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