O PEIXINHO,O CORAÇÃO E O AMOR
Um peixe trazido pelo mar,
Mais morto do que vivo.
A boca aberta a falta de ar.
Como um amor que está em perigo.
Anzóis e redes ameaçam sempre.
Tudo à minha volta em derrocada.
Onde está? Não em minha frente.
O amor, a conquista a namorada.
Parei e o peixinho a estremecer.
Seu rabinho debatendo-se em crise.
Adianta ao mar o peixinho devolver?
Ou morreria como se eu não o visse?
Se como o amor o tempo já passou?
Cada onda que vem morrer na praia
Mata-o trazendo perto de onde estou.
Perto mais uma companheira, uma arraia.
A natureza morrendo assim sem motivo.
O amor inatingível como um barco só,
Um peito muito vazio e sem destino.
Ao olhar o imenso mar...Só vejo pó.
Só areal jogado sem rumo pelos ventos.
Noroeste e prenúncio de tempestade.
Olhos turvos de fina areia invadidos.
Melhor não enxergar a nítida realidade.
O vento passa e veio o temporal.
Vi que as criaturinhas morreram.
Olhei para trás, roupas no varal.
Secas, molharam...É tudo tão igual.
Assim nos deitamos todas as noites.
O que muda e faz diferença na vida?
Ventos fortes, mudanças e mortes?
Ciclo em cada coisa...Sempre renascida.