Nosso Barco, Nossa Vida
Eram dois no mesmo barco
Cursando o rio perene
E enquanto eram mansas as águas
Remavam os dois ao leme
Das curvas e corredeiras
A barqueira se desviava
E o barqueiro de longe
De medo, só observava
Quando as águas ameaçaram
A tornarem-se violentas
Um do bote mergulhou
A fugir, em desalento
Só, ficou a barqueira
A seguir sua direção
Tomando para si o jugo
Do barco de sua emoção
Dias e noites passavam
Mês a mês se completando
Pois calendário do mar
Vale pelo da terra um ano
Porém, numa curva do rio
Viu-se ao longe um ancoradouro
Ela atracou, enfim reduzindo
Em busca de mais do que ouro
E apareceu um alguém
De história tão diferente
Que a fez sentir que podia
Largar do barco a corrente
E ele tomou do leme
O remo, a âncora, o timão
Deixou descansar a barqueira
Já cansada de exaustão
E hoje conduzem o barco
Assim, como o Segredo da Vida:
É dividindo os ardores
Que se curam as feridas
Dizem os pescadores
Que até hoje vêem o tal barco
As pedras o cobriram de tal modo
Mostrando um novo marco
E quem passa pelo local
Sentem dos dois a fiel união
E buscam seguir o exemplo
Do se doar sem senão.