A Armadilha de Amar...

Sorrir-me pelo que sempre me foi negado

Não parece uma boa, mas uma idéia dolorosa.

Se o amor em mim fosse inteiramente saciado

Se a vida gozasse de atormentada à valorosa?

Nada eu daria que ela já não me tivesse dado

Como ao coração quebrantado, alma amarga!

Que a solidão adotou e precisou soltar amarras

E do meu alvo supremo me tivesse desviado

De preferências absurdas, sua própria carga,

Desesperadamente de jeitos estranhos a agarra?

Seria eu o ultimo a sangrar em tudo querendo

Que o amor me sorrisse com um ar sereno

Com o cheiro de flor, rosas rubras ao vento,

Que destila, empalidece, espelhe seu veneno?

Participar da progressiva fuga do mero amar

Correr por gigantes montes intransponíveis

Para vencer batalhas, meu calcanhar de Aquiles?

Ou na canção que de longe se canta, ver sanar

As dores que de ferimentos e seqüelas terríveis

Continuando a arfar temendo os sons audíveis?

Sons que o reconhecimento já me mostrara:

“Não é valoroso, é uma trama, uma armadilha”?

Então que a vida e o tempo se encarreguem

Em portas longas suas saídas e suas entradas

Como lobos ferozes de caçadoras matilhas

Cerrar dentes dilacerando a vítima, se ensangrem?

Paulo Poeta
Enviado por Paulo Poeta em 28/10/2006
Reeditado em 30/11/2006
Código do texto: T275987