Despedida e testamento

Hoje corto meus pulsos.

De saudade de um tempo ido

Um suicido mais desmedido

Hoje me despeço de teu olhar

Lembrando nossa casa cinza

Deixando secar as flores que plantamos

Corto os pulsos, deixo meu peito fazer o resto

Pulsando toda minha vida de dentro para fora

Como quem se deixa levar ao incesto

Perco as casas do meu agora

Saio pela porta que entrei sorrindo

Em um choro ebulido e cadenciado

Mas creia: era um sorriso, foi real

Foi verdade, fui sincero e fui teu

Me arrependo de muita coisa teatral

De minha falsa vida, de meu falso eu

Mas contigo fui verdade, aprendi lealdade

Desculpe se pareço covarde ou frio

Perdão se nessa hora calo, tudo por um fio

Minha vida, meu amor, meu tudo, teu calor

Como sinto falta de teu calor, da tua lascívia

Teu sabor doce nesta boca agora seca

Ainda penso em todos os meus erros

Com força e alguma dor, penso na verdade

Naquela que não contei, na que te matou

Entrei na tua casa sem medo e sem vaidade

Me abriste uma porta trancada, sonhamos

Me deste teus segredos, gememos, gozamos

Foi tão bom que hoje a vida é insuportável

Me vejo na derrocada do devaneio lastimável

Mas torço para que não estejas assim triste

Que outro hoje lhe faça sorrir, não quero saber

Mas desejo tua felicidade, agora sinto frio

A pena deixa esta mão, forças se acabam

Talvez o sangue esteja me deixando enfim

Meu pulso acelera, os cortes parecem secar

Adeus amor, adeus, adeus, como último ato

Deixo não somente a minha frieza, mas a prova

Que sempre te amei, seja feliz pois a vida se renova.

Ps.: se quiser pode ficar com meu caderno de poemas, não precisarei mais dele...

Um beijo malicioso deste seu amor indecente

Lord Brainron

lordbyron
Enviado por lordbyron em 24/02/2011
Código do texto: T2811669
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.