Ronda

Emprestei a você o meu sorriso

Na sua amarga noite de soluços

Com um beijo calei-lhe um grito

E num abraço reprimir seus impulsos

Encontrei-a num canto

Ao lado de uma porta aberta

Num apartamento qualquer

Nas mãos escondia o pranto

No rosto uma névoa espessa

Do ódio e da dor de uma mulher

Descobriu-se traída

De alguém que sempre amou

Era mais uma iludida

Que outra ronda revelou

Ouvi calado o seu lamento

Admirando a beleza dos seus lábios

Todo meu corpo um tormento

E fui vítima dos desejos falhos

Nos entregamos ao amor da descoberta

E à revolta da traição

Sentimos o prazer das coisas incertas

Nas cobertas da paixão

Você foi minha várias noites

E jurou ser para sempre

Eu lhe curei os açoites

E lhe dei um amor ardente

Mas uma noite você o viu

E disfarçou o seu olhar

Vi quando ele lhe sorriu

E você se pôs a chorar

Pensei que de repúdio fosse

Ou de tristeza e desespero

Mas ao te seguir naquela noite

Descobri o seu segredo

Não acredito que tudo acabou

E que do seu amor eu me enganei

Não acredito que eu bebi

Do veneno que um dia te salvei

Devolva-me meu sorriso, meu beijo e meu abraço

Que lhe entrego sua dor, seu ódio e seu pranto

Só lembre que seu traidor amado

Numa noite qualquer lhe esqueceu num canto.

Tiago Mota
Enviado por Tiago Mota em 23/03/2011
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