E o amor resistiu ao tempo...

I

Conduzindo noites às manhãs onde não se vê:

Ó, o cego que se finda daquela noite já morreu

E o que nasceu naquela manhã já entorpeceu.

II

Cedo de mais, talvez, o tenha possuído em veneno breve:

Já louco, abraçando aos fios de sua demência pascida,

Tornou-se visto àquela interminável amada tua – a despedida;

Tão suave de entrega quanto aquele repúdio indomável,

Onde tarde, aquilo dentro, sentia morrer junto à relva;

E que o absteve distante; longe dali o inefável.

Mas suscitavam os tardios amores, ávidos e loucos. - ele cantava.

III

E despida, a noite trouxe-lhe os delírios de amantes

Que adornados ou não, corrompia em beijos frios

Aquele traidor, que de tanto, sorvia-se daqueles errantes:

Ah, aqueles amores errantes, bastardos vazios,

Réstia da noite, que no desamor trágico do tempo não amou.

E nem a lua, amante tua, te conteve o céu de estrelas,

Errante noite, breve e fria como o beijo de quem errou.

IV

És tu, e somente tu, ó manhã cega dos cegos loucos

Que os poetas cultivam naquele jardim de culpa e devassa,

Onde homens não pisam, mas se enterram aos poucos

Com seus amores, cheios de amores; como loucos e crassos.

Luan Santana
Enviado por Luan Santana em 28/03/2011
Reeditado em 28/03/2011
Código do texto: T2875976
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