CRUEL TORMENTO
Adeus amor bandido!
Anjo sem juízo
Cujas asas do matrimônio
Esfacelaram-se pluma a pluma
Voando em meio a tempestades
De prazeres, inveja e cobiça.
Agora só o que a te resta
É arrastar-se de peito e boca no chão
Mergulhando no lodo imundo
Desse pântano profundo
Que escolhestes para
Os últimos dias
Da sua miserável vida.
Condenada fostes pelo destino!
E a sentença do teu castigo
Cairá sobre ti
Nos rigores da lei
Que um dia ultrajas-te.
Jamais voarás novamente
Para além das nuvens
Sobre as montanhas
Do teu soberbo orgulho!
E nunca mais olharás de frente
A tua própria face
Sem que se quebre o espelho!
Um dia tombarás
Sobre esse chão nojento
Que escolhes-te para pisar
E não terás ao menos
Uma voz amiga
Para te consolar as dores
Do teu cruel tormento
De anjo caído.