Todas as gaivotas
Por que devo eu
estar aqui,
se tu aqui és a ausência
da essência,
se és aqui
um plano do vazio?
Meus cabelos crescem
na ânsia dos teus dedos-afago,
e há na minha boca
beijos cansados
de serem só hipóteses.
Ser eu duas de mim mesma,
seria pouco
para abraçar
o longe que nos separa.
Distâncias verde-mar,
caravelas salgadas,
embarco todas as gaivotas
num suposto longínquo abraço
nesta hora
e sem palavras.
Moçambique, 1970