Todas as gaivotas

Por que devo eu

estar aqui,

se tu aqui és a ausência

da essência,

se és aqui

um plano do vazio?

Meus cabelos crescem

na ânsia dos teus dedos-afago,

e há na minha boca

beijos cansados

de serem só hipóteses.

Ser eu duas de mim mesma,

seria pouco

para abraçar

o longe que nos separa.

Distâncias verde-mar,

caravelas salgadas,

embarco todas as gaivotas

num suposto longínquo abraço

nesta hora

e sem palavras.

Moçambique, 1970

Anabela Bingre de Négrier
Enviado por Anabela Bingre de Négrier em 26/05/2011
Código do texto: T2994206
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