O Trilho Da Andarilha

Que o velho trem suporte suas dores

Pois assim como seus velhos amores

Seus pleitos, receios e vaga emoção

Sua bagagem é de sonho - ilusão:

Ela é fardo, jugo e karma

Anda, andarilha, na trilha do trilho

Cai, levanta, anda, reza e chora

Faz da lembrança seu guia na Vida

E, como criança, a Mãe rememora

Que o trilho encontre no vento

Na noite quieta, no choro do filho

Um pouco de paz e quiçá um alento

Pois não se desfaz a pureza do brilho

Nem da estrada: força do andarilho

Que a fome se abrande

Na força plena da solidariedade

E que a luva se esqueça

Do tapa, da luta, da animosidade

Que a régua se quebre à avessa

Esquecendo treva e temendo luz

E que a vaidade se queime

No poço oriundo que a brasa seduz

Que se limpe a lente

Desiludindo a doente ilusão

E o Sol beije a trilha sem medo

Para que a Viagem seja norte

E não arma ou sorte

Nem fardo, jugo ou karma.

Que a verdade seja da Esperança a trilha

Que não se destrilha, mas ajusta o brilho

Que a surpresa seja sua louca rotina

O sal que faltava, a maior/ melhor rima

Que seu broto seja do recomeço os sinais

E que seu poema não termine jamais.