Noites silenciosas

Nas noites silenciosas

o tempo parece

reter sua passagem

no vão da porta,

atrás das persianas,

à espreita,

como quem guarda

algum segredo.

As horas saboreiam

os minutos

em um banquete inefável

de sonhos e fantasias.

Há em mim um

suspiro contido,

um grito preso na garganta

como se fosse um

animal selvagem

se debatendo na armadilha.

Aqui, armadilha

de verso e prosa.

Vou tecendo nas

linhas outrora

vazias o discurso do silêncio,

a pausa existente entre o

que fui ontem e o que sou hoje.

Apenas um átimo de

segundo que se fez presente

em tua partida.

Nessas noites silenciosas

o peito sangra sua dor,

reparte com o próprio tempo

a solidão da despedida.

O silêncio do grito em

mim faz barulho como fogos

de artifício em

noites de festa.

Mas, nas noites silênciosas

ninguém é capaz de ouvir

o lamento que faz tua

ausência em mim.

De resto, apenas o teu silêncio.

Rita Venâncio.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 12/06/2011
Código do texto: T3029110
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