MADRIGAL

Quem é essa que sobe e desce o outeiro

Pastoreando tranquilas ovelhas?

Que tem os olhos acastanhados

E os cabelos como a noite sem estrelas?

De quem é esse sorriso balsâmico

Que nasce entre lábios tão delicados

Como o sol de manhã rompendo as nuvens

Banha de luz todos os costados?

Que tem no falar, um favo escorrendo.

E a fronte é um pedaço de romã

Entre o capim franjado dos cabelos,

E o corpo cinzelado por Rodin?

O seu pescoço é torre de Davi.

Mas aonde haviam flechas e lanças,

Pendem preciosos enfeites, colares.

Quem é essa, que meu olhar alcança?

Seus seios são duas pombinhas-rolas

Que se apascentam num imenso trigal.

Seu vestido cheira a cedro do Líbano!

Quem é que habita este meu madrigal?

Quem é essa que nem o nome eu sei

Mas sei que me inflamo quando a vejo?

Bem poderia chamá-la “alguém”

Porém, chama –la-ei de “ meu desejo “

José Alberto Lopes®

Maio-2011

José Alberto Lopes
Enviado por José Alberto Lopes em 13/06/2011
Reeditado em 04/05/2023
Código do texto: T3032520
Classificação de conteúdo: seguro