FALA-ME DE AMOR

FALA-ME DE AMOR

(Rogério Martins Simões)

Fala-me de amor - disseste,

quando nos recantos dos jardins

as barreiras nos impediam de pisar a relva.

Rompiam as memórias

e um ligeiro vento arrastava as folhas secas do velho plátano.

Era tão tarde… e ainda agora despontavam as histórias...

Olhei sem desvario.

Antes, quando me debruçava no teu peito,

eras rio,

eras só rebuçado!

E trazíamos nos pés alpercatas,

com asas,

que reluziam por cima dos muros

e o chão era mais leve que o algodão…

Sabes?

A cidade fede devaneios

e as árvores crescem nos telhados das casas.

Não te vou falar de amor, não!

Reservo para mim as sensações dos velhos tempos.

Agora, restam umas quantas folhas que vêm ter comigo.

Somos dois silêncios!

Dois estranhos castanheiros perdidos na cidade.

01-02-2006.

http://poemasdeamoredor.blogs.sapo.pt

romasi
Enviado por romasi em 30/11/2006
Código do texto: T306189
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.