A Escola do Amor

Doce invenção tivera...

Ao longe numa bela primavera,

Resolvi inventar: “A Escola do amor”.

Nela se aprenderia de tudo...

De como “Se beijar”, “Se tocar” e das “Paqueras”,

Das paixões do tipo “Cinderela”,

Até de como se tornar "Um trovador".

E pela cidade a notícia se espalhou...

Todos queriam aprender sobre: “O tal Amor”,

Das suas fórmulas e de suas matérias.

E eu, sem pensar, abri a inscrição...

Não imaginara tamanha confusão,

Pelas ruas, avenidas e até vielas.

Tinha filósofo, poeta e até doutor.

Gente bastarda, empregada, agricultor,

Advogado, psicólogo e escritor.

Todos desejando saber das entranhas da paixão.

Nunca imaginara, quiçá, nessa hora...

Que de repente, faria sucesso a minha escola,

Nesse curso de enorme sedução.

E a grade curricular se estendia:

“Aprender a amar”, “A Namorar”, “A conquistar”,

Era o desejo da maioria.

“Entender de ilusão”, “De Fora!”, “De solidão”,

Poucos alunos queriam.

E até o “Amor Platônico” era sucesso de bilheteria.

E alguns já pensavam até na colação,

...“Monografia da paixão!”,

Já se imaginavam noites mal dormidas.

E enfim, eis que chega o grande dia,

De inaugurar o que eu mais queria,

A minha “Escola do Amor”.

E me bateu a maior decepção.

Pois nos lugarejos dessa nação,

Não encontrei um só professor.

Que tivesse a competência,

Pra falar com sapiência

Das vertentes da paixão.

E sem docente pra lecionar,

Tive que a porta fechar

Ante a revolta da multidão.

Não achei a "Deusa Afrodite"

E ninguém pra dá palpite,

Sobre as coisas inexplicáveis do coração.

(Nelson Rodrigues de Barros)