APAIXONADO

Quem pode

culpar os teus olhos pela paixão despertada em mim?

Quem pode

culpar as estrelas se nunca viram o negrume da noite?

Arrasto uma asa sangrando

desde aquela primeira vez que eu te vi

O perfume dos teus cabelos

escreveu hieróglifos em minha mente.

Uma profusão de borboletas prateadas

inundou a minha alma-menina

E os meus olhos se fecharam

para as flores de outros jardins

Passei dias e dias me alimentando de rosas,

bebendo a luz da lua

Até os fantasmas suspenderam o “buuu!”

em respeito ao meu amor.

Mas quem pode

culpar o teu corpo pelo fogo ateado em meu sangue?

Quem é capaz de decifrar

os códigos gerados entre os becos da saudade?

Menina!

Nunca mais o som da chuva terá a mesma melodia

Nem o vento será capaz de derrubar

as árvores que plantaste em meu solo.

Foi-se a pipa colorida

conduzida pelos heróis dos quadrinhos roubados

Foi-se a noite

repleta de zumbis dançantes que rodeavam minha cama

Veio a madrugada

pincelada pela mão de anjos loucos e endemoninhados

Dando origem a última geração

de homens românticos e apaixonados.

Mas dói na alma saber-se inconsumido,

incompreendido, levantando cercas

e arrombando telhados

como um ladrão desesperado,

raspando o asfalto das idéias

em busca de uma maneira de

envolver-te em meus braços.

Menina!

Escuta a canção

que a tua boca compôs

quando abriste um sorriso na mesa de dominó,

abre os braços

e recebe o selo que te elege o ápice da criação

Não desprezes jamais um coração apaixonado.

henrique ponttopidan
Enviado por henrique ponttopidan em 02/07/2011
Código do texto: T3070377