do amor como avença e norma
o amor
é avença desregrada
tudo do que é tudo
é quase nada
e é boiar-se no sólido
como se fora bólide
de atingir as luas
de quem ame
e de faltar `as tardes
de quem tarde
o amor
é avença desregrada
é um consumir-se sobrando
é um expandir-se na falta
é como se fora um oceano
que coubesse em todas as almas
e que restasse pelos dias
nas noites em que se declara
o amor
é uma avença incauta
nada do que é cautela
lhe desata
antes é imprevisto
como um intenso salto
que se dá `as pernas
com ganas de astronauta
o amor
é uma avença sutil
como a felicidade
nada do que lhe tange
inventa-se pública
ou como concessão
de quem lhe invade
o amor
é uma avença avulsa
de veias e de vias
é convergência inata
de cada alegria
e um desandar de ruas
nas desoras do dia
o amor
é uma avença cogente
tudo que tange os olhos
atiça a alma tão sempre
que nada do que é humano
se desencarna da gente
o amor
é uma avença tardia
tudo que lhe chega a cedo
é de um tempo tão difuso
que chega sempre a ser noite
nas serventias do uso
o amor
é uma avença plástica
tudo que seja forma
lhe declara
na urdidura das normas
na ditadura da prática
o amor
é uma avença drástica
guardada a desproporção
de todas as almas
nada do que não seja todos
poderá sê-lo na prática.