Cartas para Madelyne "Abismo"
Sei o que me trouxe aqui.
Daqui eu não o vejo,
Mas Ícarus me concedeu-as.
Com elas,
Como ele,
Não hesito,
Salto rumo ao sol.
Ao meu Sol.
É maravilhoso aqui em cima.
É quente.
Mas é solitário.
Lembro-me de Ícarus:
"-Não são as asas... "
Lembro-me de você:
"-É pela coragem... "
Nisso sinto;
As asas se inflamam...
Queimam rápido.
Minha queda é rápida.
Do azul do céu
Ao negro do abismo.
Rápido.
Nisso imagino;
O Fim está próximo...
Melhor assim...
Rápido...
Só meu...
Nisso percebo;
Aqui na escuridão também é quente.
Aguardo o impacto.
E ele não vem...
Nisso sinto;
Não estou caindo...
Estou... voando...
Mas não tenho mais as asas...
Nisso ouço;
"-NÃO SÃO AS ASAS...
É PELA CORAGEM... "
Nisso te vejo.
Nisso vejo;
O abismo não é negro
Só vazio.
O sol não me queimou
Só mostrou a direção.
E as asas...
As minhas...
São você.