Cartas para Madelyne "Abismo"

Sei o que me trouxe aqui.

Daqui eu não o vejo,

Mas Ícarus me concedeu-as.

Com elas,

Como ele,

Não hesito,

Salto rumo ao sol.

Ao meu Sol.

É maravilhoso aqui em cima.

É quente.

Mas é solitário.

Lembro-me de Ícarus:

"-Não são as asas... "

Lembro-me de você:

"-É pela coragem... "

Nisso sinto;

As asas se inflamam...

Queimam rápido.

Minha queda é rápida.

Do azul do céu

Ao negro do abismo.

Rápido.

Nisso imagino;

O Fim está próximo...

Melhor assim...

Rápido...

Só meu...

Nisso percebo;

Aqui na escuridão também é quente.

Aguardo o impacto.

E ele não vem...

Nisso sinto;

Não estou caindo...

Estou... voando...

Mas não tenho mais as asas...

Nisso ouço;

"-NÃO SÃO AS ASAS...

É PELA CORAGEM... "

Nisso te vejo.

Nisso vejo;

O abismo não é negro

Só vazio.

O sol não me queimou

Só mostrou a direção.

E as asas...

As minhas...

São você.

Tito Carvalho
Enviado por Tito Carvalho em 16/08/2011
Reeditado em 19/08/2011
Código do texto: T3164407
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