[Sorri, quando te beijei adormecida...]

Apresentando O Transversal:

“La Folie - Almas que viajam nas asas do condor avistando o mar em azul sem fim que se mistura com o céu”

No turbilhão de todas as irritações do mar,

Sufocava no meio de espuma continua.

[Constantes as quedas de água em mim]

...

Prantos de tantos prantos meus misturados,

Como vulcão em implosão,

Onde gritos eram silêncios infindos.

...

Atado a um leme sem rumo via o mastro

Quebrar, como ramo de videira,

Levando a vela, qual ave em fuga

Do ataque mortal da águia real.

...

Os ventos de terra expulsavam os deuses

Das florestas virgens,

[Qual Ártemis em profunda dor,

Segurando o corpo de Órion cravejado pela sua própria seta

Nos areais de um finisterra qualquer].

...

Os urros da madeira sobreviviam debilmente

Ás íngremes subidas e violentas descidas

Das montanhas de mar sem fim,

Purgatório enevoado visível sem alma em estado de graça

Sem condição de existência física, tantos os fantasmas.

...

Ainda lembro ver a mancha escura do Saco de Carvão,

Numa breve visão de céu destapado de nuvens,

...

Algumas Harpias a rodopiar, voando em círculos.

...

Algumas Sereias que empunhavam liras

Num bojador tão perto [ e sorriam, e sorriam...]

...

[Depois]

Escuridão dos fundos mais profundos,

No silêncio de todos os ocasos.

...

Ressuscitei-me devagar na alvorada,

Claridade ofuscante coroa de raios de luz,

...

[qual Apolo, qual Demónio...]

...

Uma das minhas mãos agarrava a tua,

Na outra um velho astrolábio,

Algumas gaivotas voavam distraídas,

Um calmo mar tocava-me nos pés.

O cheiro da maresia trazia os cheiros das madeiras,

[destroçadas],

Que vogavam ao acaso.

[Sorri, quando te beijei adormecida...]

Nkisi
Enviado por Nkisi em 13/09/2011
Código do texto: T3217148
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