“EU ME VI MORTO”

Eu me vi morto, de paixão, quando a conheci, achei que foi amor á primeira vista, notei tão forte, que fiquei enfraquecido, e sem chances de resistência me entreguei totalmente.

Eu me vi morto, de tesão quando, entorpecido pelo seu perfume e inebriado pela sua beleza, nos entregamos avidamente a uma noite inesquecível de amor, digna somente dos grandes amantes.

Eu me vi morto, após essa estréia magnífica no interior do seu corpo, quando me embrenhei, sutil e delicadamente nas suas entranhas, percorrendo com voracidade e nervosismo, o caminho que faz a felicidade de um homem, que feliz ou infelizmente, não sou eu.

Eu me vi morto, quando me dei conta, que embora eu a tivesse, naquele momento, ela não me pertencia e o meu sonho tinha um triste final.

Eu me vi morto, de ira, quando por um instante ela se despediu de mim com um sorriso, como se esse momento, tão importante prá mim, fosse prá ela apenas um momento qualquer.

Eu me vi morto, de raiva, quando ela decididamente declarou, que tinha sido apenas um caso banal, sem nenhum significado.

Eu me vi morto, de ódio por mim mesmo, por ter me entregado tanto a alguém que merecia tão pouco ou nada.

Eu me vi morto de remorso, ao pensar na simples possibilidade de ter traído alguém que reconhecidamente me ama tanto.
Perdoe-me...