QUERO UMA PAUSA

Notei minha Alma desalentada,

triste, quietinha, sem ânimo, chorando,

um contraste com aquela de ontem,

vibrante, sapeca, parecendo criança,

diante das realidades tão boas vividas,

pois amou muito e eu testemunhei,

sendo um dos figurantes desse cenário.

Preocupado, sondei ela tão abatida,

até que notei uma lágrima caindo,

e gotas de sangue iam fluindo,

como se feridas estivessem abertas,

e no meu desespero perguntei então:

Porque choras minha Alma companheira,

que nunca jamais me abandonou?

Disse-me numa voz quase inaudível,

diante de um coração também aflito,

que o amor está deixando de existir,

e as brutalidades substituem as carícias,

sendo as criancinhas vítimas dos brutos,

que não percebem suas fragilidades,

e as mães seviciadas até morrem.

As promessas de amor se desvanecem,

como se fossem brinquedos descartáveis,

e mesmo que tenham jurado fidelidades,

num Altar consagrado perante Deus,

os casais num ímpeto de uma desavença,

jogam fora todos os sonhos que alimentaram,

e os filhos desamparados ficam sem seus rumos.

Disse-me ainda que não existem contemplações,

de um jardim de flores onde rosas eram colhidas,

e para a amada oferecidas como se fossem jóias,

com perfumes inebriantes que causavam euforias,

convidativas para um aproximar de corpos ofegantes,

que se entregavam em lentas e gostosas sensações,

hoje brutalizadas pelas violentas transgressões.

Não olham mais o lindo por do sol que adormece,

e na sua esteira brinda as nuvens todas coloridas,

para que quando a noite viesse chegando mansinho,

pintassem as estrelas que eufóricas brilhavam,

e depois a lua toda cheia aparecia iluminada,

convidando os casais para se enamorarem,

fitando-a extasiados como se fossem um só corpo.

As belezas da natureza que tem muito a oferecer,

ignoram suas dádivas e procuram até agredir,

abatendo suas árvores e poluindo seus rios,

mesmo sabendo que sem ela o mundo perece,

e as gerações futuras muito terão que sofrer,

pois chuvas violentas trarão sofrimentos,

e dos rescaldos das matas sobrarão só cinzas.

Diante de tudo isso que minha Alma segredou,

que concordei plenamente com olhos umedecidos,

ponderei as razões e fiz meus questionamentos,

pedindo ao meu coração que viveu tantas euforias,

que me ajudasse numa tomada de decisões,

e num ímpeto como se uma revolta me invadisse,

decidi então ter uma pausa para um repensar.

18-11-2011