[Por vezes queria-me sem os destinos]
Por vezes queria-me sem os destinos
que sopram dos penhascos,
[atração constante pelas nereidas]
[ou pelo destino final... fatal...]
...
e mesmo que nos seus topos
nasçam tulipas ou margaridas,
prefiro o mar aberto, sem fim.
...
Por vezes apenas quero uma réstia de luz
que me acorde devagar
da noite sem sonhos, viagens ou tempestade,
que me leve ao vulcão que aquece
o mar... acastanhando-o,
…
e mesmo que toque o teu corpo
por entre os lençóis de cetim,
recordarei as longas noites
onde os cometas clareavam,
o escuro céu de outono.
…
Por vezes queria-me em todos os lugares
por onde naveguei, onde encontrei
tantos castelos desfeitos naqueles
areais sem fim, sem principio,
…
e se te beijar no meio das vinhas ensolaradas,
não estranhes o sorriso dos meus olhos,
nem as garrafas vazias de incenso e mirra
que enterrei, como se fossem canteiros de flores.
…
E mesmo que o meu corpo se cole no teu,
não feches as janelas por onde
o cheiro da maresia entra,
nas manhãs enevoadas,
…
acende as velas das cores do arco-íris,
e deixa o sonho seguir sem os destinos
que sopram dos penhascos,
liberta-o, e,
descansa comigo no mar adormecido.
…
[...por vezes queria-me sem os destinos, enfim...]