[Por vezes queria-me sem os destinos]

Por vezes queria-me sem os destinos

que sopram dos penhascos,

[atração constante pelas nereidas]

[ou pelo destino final... fatal...]

...

e mesmo que nos seus topos

nasçam tulipas ou margaridas,

prefiro o mar aberto, sem fim.

...

Por vezes apenas quero uma réstia de luz

que me acorde devagar

da noite sem sonhos, viagens ou tempestade,

que me leve ao vulcão que aquece

o mar... acastanhando-o,

e mesmo que toque o teu corpo

por entre os lençóis de cetim,

recordarei as longas noites

onde os cometas clareavam,

o escuro céu de outono.

Por vezes queria-me em todos os lugares

por onde naveguei, onde encontrei

tantos castelos desfeitos naqueles

areais sem fim, sem principio,

e se te beijar no meio das vinhas ensolaradas,

não estranhes o sorriso dos meus olhos,

nem as garrafas vazias de incenso e mirra

que enterrei, como se fossem canteiros de flores.

E mesmo que o meu corpo se cole no teu,

não feches as janelas por onde

o cheiro da maresia entra,

nas manhãs enevoadas,

acende as velas das cores do arco-íris,

e deixa o sonho seguir sem os destinos

que sopram dos penhascos,

liberta-o, e,

descansa comigo no mar adormecido.

[...por vezes queria-me sem os destinos, enfim...]

Nkisi
Enviado por Nkisi em 02/12/2011
Código do texto: T3368537
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