[Amanhecem as cores]
Apresentando O Transversal
" La Folie... sempre me lembro de ouvir o mar..."
Amanhecem as cores, algumas
ficam adormecidas no espectro de um arco-íris,
algures,
no final do mar dos sargaços, onde habitam
os peixes que se diz voarem.
…
Refugio-me nos cheiros da mirra
e do incenso,
o ouro ficou enterrado nos confins
da terra esperando pela luz, pela cobiça,
pela ilusão,
…
e vejo o rebolar das ondas
contra as rochas desgastadas,
antigos bojadores vergados, tantas as súplicas
dos navegadores, tanto o sangue derramado.
…
Algumas velas coloridas pintam sonhos,
roubando-lhes a escuridão da noite,
alguns heróis renascem sem face,
e o vinho quer-se cascata ininterrupta.
…
[justifica-se o amor, justifica-se o ser..],
justifico-me.
…
Repentino o nevoeiro que envolve esta serenidade,
repentina esta serenidade, requietude,
...
amanhecem as cores sem uma manhã de sol,
mantem-se o silêncio, florescem os temores
de que o regresso não se cumpra,
que o destino seja uma mera quimera,
utopia na rebelião violenta
dos antigos pensares, sentimentos.
…
Uma gaivota pousa no mastro, olha-me distraída,
regresso a terra justificando-me,
…
e sento-me nas rochas desgastadas,
olhando pelo nevoeiro distingo o rebolar das ondas,
…
que me justificam...
que me desgastam...
Desejando a todos que neste Natal o mar esteja calmo, que seja feliz.