[e sei dos oceanos, ]

Apresentando O Transversal

“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”

Mas os meus sonhos, tantos,

renascem no ocaso,

e os luzeiros iluminam alguns

pirilampos que dormem,

e vejo os horizontes infindáveis,

por esses mares desde sempre

navegados,

e sei dos oceanos, e do amor

em Paris ou noutro sitio qualquer,

longe dos areais da taprobana,

onde vi nereidas sem navegadores

tecendo longos invernos, sacrificando

andrômeda,

e conheço a revolução, fugi

das cadeias, da tortura, libertei-me

das amarras e do silêncio, saltei

o muro e colhi gerânios floridos

que ofereci a uma vidente de charuto,

e os meus sonhos, tantos,

renascem na saudade.

Canta a garça branca à beira-mar,

enrodilha-se a espuma das ondas,

e sei das partidas, algumas queriam-se

breves, sem as iras dos deuses,

e sei das chegadas a baías desconhecidas,

onde o vinho cantava mais alto que

uma alma cansada,

e sei da vida, e sei da [quase] morte,

e de nada me serve conhecer a rota,

se o furacão e a irritação do mar

me afastam, do odor das madressilvas

plantadas no teu jardim,

e os meus sonhos, tantos,

adormecem-se então, nas manhãs escuras.

Nkisi
Enviado por Nkisi em 28/12/2011
Código do texto: T3410891
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