Órbita
De que me valem tantas palavras a borbulhar,
Se não tenho ninguém a escutar,
Se sou borboleta a borbolear,
Buscando no vago infinito, o teu olhar ?
É um doce desespero que acontece aqui dentro,
De um falso pulsar, as carícias que engendro.
Quero gritar que te amo,
Correr do meu engano,
Encurtar a estirada com meus pés,
Destituir do trono as agruras do meu revés.
Se tenho enfim... que aceitar minha órbita,
E definhar sequioso na realidade mórbida,
Quero olhar-te...doce amor,
E ver-te sorrir
Para dar em mim a certeza
De um real existir.