OLHOS DAS ESTRELAS
Me disseram que as estrelas tem olhos
E nem duvido dessa questão
Pois olham o mundo de cima
Sem a teia de Maya
Que nos cobrem com a ilusão
São de diferentes galáxias
Como os países dessa nação
A diferença é que não há leis que infrinja
Que uma estrela de outro canto
Não possa pisar noutro chão
Não precisam de passaportes
Nem o céu chega a ser o limite
Não são no entanto donas do espaço
Seguem o rítmo, o compasso
Sol e Lua também nele reside
Não há posses de coisas suas
São andarilhos de seus destinos
Todo canto da terra é sagrado
Não machucam, tomam cuidado
São viajantes como beduínos
Suas roupas são o brilho que emana
Sua fogueira é o Deus Sol
Sua tenda é o universo inteiro
Os mares e rios são seus espelhos
E a noite se proclama de lençol
Andam sempre em caravanas
Estrelas caminham de mãos dadas
Percorrem felizes em companhia
Faz de noite o que o sol de dia faria
Iluminando o que por elas passa
E foi ao conversar com uma delas
Que percebi nossa ignorância
Uns com tanto, outros com nada
Morrem deixando tralha
E nem assim diminui a ganância
Por isso essa saudade do beduíno
Que encontrei próximo a Dahab
Que ensinou-me do amor o caminho
E seguiu com seu camelo o destino
Onde estarás, ninguém o sabe!
Deixou-me apenas pistas no deserto
Me disse que carregaria consigo minha centelha
Deixaria pelo caminho flores de Lótus
Que o reconheceria pelo profundo dos olhos
Se neles refletissem miríades de estrelas