OLHOS DAS ESTRELAS

Me disseram que as estrelas tem olhos

E nem duvido dessa questão

Pois olham o mundo de cima

Sem a teia de Maya

Que nos cobrem com a ilusão

São de diferentes galáxias

Como os países dessa nação

A diferença é que não há leis que infrinja

Que uma estrela de outro canto

Não possa pisar noutro chão

Não precisam de passaportes

Nem o céu chega a ser o limite

Não são no entanto donas do espaço

Seguem o rítmo, o compasso

Sol e Lua também nele reside

Não há posses de coisas suas

São andarilhos de seus destinos

Todo canto da terra é sagrado

Não machucam, tomam cuidado

São viajantes como beduínos

Suas roupas são o brilho que emana

Sua fogueira é o Deus Sol

Sua tenda é o universo inteiro

Os mares e rios são seus espelhos

E a noite se proclama de lençol

Andam sempre em caravanas

Estrelas caminham de mãos dadas

Percorrem felizes em companhia

Faz de noite o que o sol de dia faria

Iluminando o que por elas passa

E foi ao conversar com uma delas

Que percebi nossa ignorância

Uns com tanto, outros com nada

Morrem deixando tralha

E nem assim diminui a ganância

Por isso essa saudade do beduíno

Que encontrei próximo a Dahab

Que ensinou-me do amor o caminho

E seguiu com seu camelo o destino

Onde estarás, ninguém o sabe!

Deixou-me apenas pistas no deserto

Me disse que carregaria consigo minha centelha

Deixaria pelo caminho flores de Lótus

Que o reconheceria pelo profundo dos olhos

Se neles refletissem miríades de estrelas

Auricélia Oliveira
Enviado por Auricélia Oliveira em 12/01/2007
Reeditado em 12/01/2007
Código do texto: T344305