A cigana e o guerreiro Celta

Era festa e folia

Queria paz, tranqüilidade

Pensei São Tomé que bom seria

Ter cachoeiras e trilhas de dia

E muita fogueira no cair da tarde

E lá fui eu sem saber que teria

Muitas surpresas em Três Corações

Nem sei como avistei teus olhos de menino

Naquele rio de loucos varridos

Na fumaça daquelas grandes multidões

E percebi que o peregrino

Tava ali também pra meditar

Percorrer a pé as trilhas

E disse a mim: Seja benvinda!

Não se acanhe não menina vem comigo andar

Subimos montanhas, descemos muralhas

Banhamos nas águas de São Tomé

Subimos na pirâmide pra ver as estrelas

Me encarou com presteza e disse:

Eu te quero mulher!

Me pediu com carinho pra dançar de cigana

Convidou-me para a festa que estava por vir

Perfumada e vestida, Linda e faceira

Aceitei prontamente

O convite pra ir

E lá eu cigana

Junto do guerreiro celta

Ouvimos músicas de violão

O céu era todo cenário aberto

E nem sei ao certo

quando tocou de leve minha mão

E beijando macio olhou nos meu olhos

Viu o destino tão perto de mim

Me abraçou com carinho

Fez do peito meu ninho

Dizendo que não iria mais dele partir

Disse que não tinha nada a oferecer-me

A não ser suas asas de bom voador

E que tudo que temos nessa vida é teia de maya*

Que tudo se apaga, e queima como palha

E passa por essa rede somente o amor

Olhei nos olhos do guerreiro celta

E juro que vi refletido o infinito

Disse a ele que também não tinha nada

Das coisas que queimam e se apaga

Mas teríamos dos sentimentos o mais bonito

E quando voamos percebi que as asas

Me deram alegria e também liberdade

Lembrei que quando era cigana sozinha

Não compartilhava as belezas que eu via

E juro da época não sinto saudade

Em teu colo, em teu carinho

Senti em tua alma a beleza que se faz

E disse aos quatro cantos do mundo

Amor é centelha, é vela acesa

Mas antes de tudo amor também é Paz!

A paz que eu senti quando tocou meus cabelos

E me olhou com esses olhos que vieram a emitir

Que diante da imensidão do nosso universo

E nos conhecermos em caminhos incertos

Amor como este vai ser difícil existir

Auricélia Oliveira
Enviado por Auricélia Oliveira em 12/01/2007
Reeditado em 12/01/2007
Código do texto: T344326