ADOÇÃO À BRASILEIRA

Adotei um verbo chamado "Amar"

Como filho pródigo da minha essência

E em cada sombra de estupidez lunar

Ofusquei com o sol o raio da aparência

E registrei nas nuvens que é melhor sonhar

A ter que reclamar da própria inconseqüência...

Agora tenho um filho chamado "Amar"

Biologicamente eterno, quiçá, sublime

Concebido pela maior arte que há

Em esculpir a paz que só redime

Cada gota de ódio maior que o mar

E cada gota de mar menor que o crime

De parto alheio como próprio dar

À luz esquálida de um só regime

Que polui o mundo e nosso ar

Neste gás carbônico de estupidez sem fim...

Hoje, quero apenas que meu filho "Amar"

Cresça e reproduza o sonho

Em cada coração que seja um lar

Da paz que, então, proponho

Possa um dia nos reinar

Em todas as noites e todos os dias,

A despeito de cada rei medonho

E apenas preocupado com suas regalias

Egocentricamente frias como a luz do ouro...

E se eu não tiver filhos biológicos

E se não houver pegadas do meu vagar

Quero apenas passos lógicos

Que transcendam meu DNA

Para que , enfim, eu comprove,

Com muito azar ou com sorte

Nos tribunais da vida ou da morte

A adoção mais plena do verbo "Amar".

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