Noites de Sol
Sinto o sabor da tua ira
No vento leve que me levita
No fruto lírico da tua nudez
De virgens lembranças, de palidez.
Lembro-me das esperanças...
Do doce odor do teu tabaco
Ao quente toque da língua tua
- nuvem fria que me entra à carne –
És poesia que valsa crua...
... com minha alma além...
És tu quem dança e quando cansa
Repousa bela em meu caixão.
Ballet bacântico de corpos ébrios
Eu, poesia e nossa paixão.
Nasce o dia outra vez...
Outra vez vem-me a alvorada
E a lua toca outra canção:
“Dia e noite se amam loucos”
Eu sou cama! Tu és razão!
Quero nunca mais partir...
De versos simples construo céu
Somos livres!... brisa e eu
Têm sabor doce de amor amargo
Os teus beijos... tinta, papel...
Noites de sol... só
Com tua mão me acompanhas
De tuas curvas sou refém
Deixo-te, então, quando quiserdes;
Vá! Mas vá além...
Não vou ficar a contar horas
Não vou ficar a contar sílabas
Beleza nasce da pureza
Donzela é nossa odisséia
... poesia, eu, noites de sol...
Vejo-te lua, poetiza nua...
E é pra ti que canto agora:
Noite de sol, minha insônia;
Estas são noites de minha lira,
Estes são dias em meu bordel.